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Todas as pessoas possuem alguns troféus. São aquelas vitórias que conquistam e que deixam marcas, nem sempre em forma de um objeto, algo físico, que fique enfeitando uma estante ou um armário. É muito mais resultado de algo feito ou realizado e que aconteceu com sucesso, com méritos próprios.
Quando se é jovem, essas galhardias são mais comuns e quase não são notadas, pois ocorrem com freqüência. É o garoto que consegue fazer vários gols em uma partida de futebol, é a menina que se apresenta no ballet da escola e seu grupo se torna o melhor da noite, são as boas notas no vestibular, uma conquista de um novo paquera, um presente ganho pelo pai na formatura, uma viagem ao exterior.
Lógico que umas com mais peso do que outras conquistas, mas mesmo assim a vida sorri em ocasiões freqüentes, deixando até que passem sem muitos registros. Agora, quando o fato se passa depois dos sessenta anos ou até um pouco antes, tudo fica muito nítido e forte e inesquecível pelo resto da vida.
Zuleide, aos 65 anos, colocou bem recentemente um troféu enorme na sua galeria de vitórias. Isso não acontecia há muito tempo e nem ela acreditava que fosse possível. E como a satisfação pelo feito era muito grande, não podia deixar de revelar para as amigas mais íntimas, afinal que vantagem haveria de ser só para seu deleite. Todo campeão merece e espera aplausos e quer ver reconhecido seu intento.
O fato aconteceu em uma viagem que Zuleide fez à Turquia e Egito, com uma amiga. Todo o roteiro traçado e propostas de priorizar visitas aos lugares mais típicos e significativos daquele país, em especial em Istambul. Tudo transcorria muito bem e em um dos hotéis de Istambul havia uma área para os famosos banhos turcos, que podiam ser feitos à noite, após a chegada dos passeios do dia. Em uma determinada noite, resolveu conhecer o local e ver o ritual dessa prática milenar. A amiga não teve interesse e Zuleide foi sozinha. Colocou seu maiô, pegou uma toalha, chinelinho do quarto e se dirigiu ao local. Era o setor de mulheres e algumas já estavam sendo massageadas.
Mas qual não foi sua surpresa quando percebeu que, embora fosse banhos para mulheres, eram homens que faziam as massagens e os procedimentos. Ficou muito inibida, quis recuar, mas logo foi chamada para compor uma roda com pias, onde começava a preparação para os primeiros banhos. Enquanto ia molhando seu próprio corpo, aguardava ser chamada para assumir o lugar de ser massageada. Viu que eram três homens para várias mulheres e que elas já estavam no processo de término.
Um dos massagistas chamou-a para o centro do mármore para o início dos trabalhos. Logo viu que as outras mulheres iam saindo para a sauna e que os outros dois massagistas iam se despedindo do seu horário de trabalho. Quando Zuleide percebeu estava sozinha com aquele homem, que muito pouco falava em inglês. Ele devia ter em torno de quarenta anos e tinha um físico bem apresentado. O toque de suas mãos começou e ela sentiu que ele já tinha se despido por baixo de uma pequena túnica. E ia massageando seu corpo com frenesi, ao mesmo tempo em que seu membro ia encostando e batendo em suas coxas.
A princípio ficou sem ação e muda, mas ele parecia gentil e a fim de lhe proporcionar momentos de prazer. Foi ficando mole, facilitando seus movimentos e quando percebeu já estava sem o maiô. O frenesi era grande e os pontos que ele pegava estavam deixando-a louca, mas não permitiu que a penetrasse para valer, com medo de algum risco de doença. Todo o resto foi feito e ela chegou ao êxtase por mais de uma vez, depois de tantos anos. Mais ninguém presenciou aquele total desprendimento, somente as paredes que recebiam o eco dos gritos de ambos.
Ao final, ele fez uma massagem relaxante e tomaram banhos juntos.
Antes de sair, ainda um afago em seus seios. Ela estava tonta, embriagada e sem rumo. Nem sabe como chegou no seu quarto de hotel e sem fazer barulho para não acordar a amiga que já dormia. Custou muito a pegar no sono e lembrava de cada detalhe que tinha acontecido. De mulher, mãe e avó, ela tinha vivido uma aventura das arábias e de dar inveja a qualquer odalisca em seu palácio de sultão. No dia seguinte, ela ainda reviveu tudo e custava a acreditar que tinha suscitado o desejo em um homem tão novo e tão viril.
Ela poderia ter voltado lá, mais uma vez, naquela próxima noite, mas preferiu guardar na memória a sua vitória, que ficaria marcada para sempre e de forma indelével. Zuleide não tinha confiança de revelar à sua amiga de viagem o que havia ocorrido, mas ao chegar de volta ao Brasil juntou algumas das mais abertas e, com ar de plena felicidade, relatou o quanto rejuvenesceu em terras turcas. De fato, ela estava dez anos mais moça, mais bonita e auto-confiante na sua condição de mulher. Brilhava dentro dela o maior troféu, pois na sua idade se dava ao luxo de uma paixão fugaz e sem culpas.
Colaboração: Eunice Tomé
Jornalista, Mestre em Comunicação e Escritora
autora do livro "Pequenos Contos de Viagem"
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