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Da Cozinha para o Quarto

 

Pegar o homem pelo estômago está fora de moda, como nos ensinavam as nossas avós. Essa é só uma das regras que caíram por terra. Outros predicados, que também no passado eram tão importantes para caçar marido ou prendê-lo depois dessa conquista, estão sendo descartados.

 

As mudanças vêm ocorrendo ao longo dos tempos, pela introdução da mulher no mercado do trabalho e sua independência financeira. As relações foram se igualando quando se trata de vida a dois e do gerenciamento do lar.

 

Tudo isso vimos acompanhando e não eram mais novidades as adaptações. Mas outro dia, a filha de uma amiga minha comentou que ia a um chá de lingerie. Pensei, de pronto, que se tratava de alguma representante de marca de peças íntimas que, para mostrar seus produtos, estivesse reunindo num chá como pretexto. Curiosa, perguntei qual era a marca, quando ouvi que era a nova forma de fazer despedida de solteira, o antigo chá de cozinha.

 

O assunto gerou uma boa discussão e, por coincidência, foi matéria de um programa na televisão, dias depois. É o modismo dos últimos tempos, mas nem por isso nos impede de pensar que a cozinha passou a ser mais um objeto de decoração da casa, com poucas incursões por ela, a não ser para usar o micro ondas, fazer um pequeno lanche ou café da manhã e, mesmo assim, pelas mãos de alguma serviçal.

 

O quarto sim ganhou status, tanto que um enxoval farto para "temperar" as noites passou a ser da maior importância no "cardápio" conjugal. As noivinhas não querem panelas, pratos, copos e aqueles utensílios de cozinha miúdos que tanto fazem (faziam) falta na hora de assumir a casa. Os investimentos agora precisam ter cores fortes, modelos sensuais, rendas, aberturas e fendas e cobrir o mínimo possível o corpo.

 

Sensualidade é o que conta e todas as amigas sabem disso, pois se não estão casadas recentemente, estão prestes a fazê-lo. No dia do tal chá de lingerie, a noiva experimenta os presentes e precisa desfilar com ares de provocação. A bebida servida, lógico, não é camomila, mate, nem erva cidreira. Vinho branco gelado para todas, para descontrair e rolar solta a brincadeira. No final da reunião, chegam os moçoilos, inclusive o noivo, e aí a festa esquenta.

 

Houve até um casal mais ousado que marcou essa despedida em um Motel e depois os noivos foram batizados pelos convivas na banheira de hidromassagem.

 

Ainda na abordagem dos novos comportamentos, a reviravolta aconteceu pela concorrência. O negócio é manter uma boa relação na cama, para não haver tentações de buscar um aperitivo ou uma refeição completa fora de casa. A palavra de ordem é usar o quarto para essa comilança a dois e buscar o prazer do estômago em bares e restaurantes, já que a cozinha está mesmo relegada a segundo plano.


Colaboração: Eunice Tomé
Jornalista, Mestre em Comunicação e Escritora
autora do livro "Pequenos Contos de Viagem"

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