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No escurinho do Cinema

 

João Vitor era um homem de quarenta anos, solteiro, mas que já tinha experiências variadas. Não se casou porque sua consciência lhe dizia que nunca iria se satisfazer com uma mulher só. Bonito, nem tanto, mas seu porte altivo e cabeça erguida davam ares de dominador, o que as mulheres gostam.

 

O que lhe dava maior prazer era o sexo, até aí sem muitas novidades para o gênero masculino. Mas era adepto da poligamia, quanto mais, melhor. Adorava situações inusitadas quando se tratava da prática sexual e vivia criando atrações novas com suas parceiras, o que lhe dava mais tesão.

 

Um dia, saindo do trabalho, sem ter algo programado, foi se dirigindo à área central da cidade, passando pelos luminosos dos cinemas. Um deles chamou a sua atenção: tratava-se de um filme pornográfico, onde as imagens do painel mostravam cenas que o atraíram para dentro da sala de exibição. Até o gosto artístico e seu conceito de estética passavam pelas vias do corpo e das sensações carnais.

 

Normalmente, os frequentadores daquela região eram pouco recomendados e ele sabia que aquele tipo de filme tinha tudo a ver com o estilo do lugar. Mas não se importou e percebeu que a sessão contava com apenas umas dez pessoas, espalhadas pela platéia.

 

Posicionou-se em lugar que não havia ninguém no entorno.

 

Quando as luzes se apagaram e começou a projeção, ele percebeu que uma pessoa chegou e sentou-se próximo. Conseguiu identificar que se tratava de uma mulher. As cenas iam transcorrendo numa ação policial e era uma mistura de prostituição e banditismo. Para quem não aprecia o gênero, um horror! Nelson Rodrigues seria considerado piegas perto daquele enredo.

 

João Vítor aguçava os olhos para bem perceber o que se passava e, quem sabe, aprender alguma sacanagem nova. De repente, ele observou que a mulher galgou algumas poltronas e ficou ao seu lado. Ele levou até um susto, bem na hora em que a prostituta do filme gozava convulsivamente, o que já estava deixando-o bastante excitado.

 

Ajeitou-se na cadeira e conseguiu ver que sua vizinha tinha perto de cinquenta anos e exalava um perfume de bom aroma. Pelo seu faro animalesco, identificou que ela buscava alguma aventura e a preleção começou com um encostar de pernas. A reação foi positiva e as cenas do filme eram só estímulos para as investidas.

 

Rolou apalpar de seios e de coxas, beijos de língua. A mão dela escorregou para o seu membro, que nessa altura estava intumescido. Simuladamente, abriu a calça e começou a esfregar sua mão em ritmo que o deixava alucinado. Por seu lado, João colocou seus dedos sob a calcinha dela e ambos gozaram a mais não poder. O único cuidado é que não puderam apresentar as manifestações de prazer com gritos e uivos. Passado o impacto e as sensações físicas, voltam à realidade e à compostura, dentro do possível, é claro.

 

A saída do cinema foi sorrateira e ele não queria conversa com a dama dos prazeres. Ainda arriscou um olhar pelos corredores para identificar melhor a sua parceira meteórica e viu que era um bagulho, daqueles de terceira categoria. Entrou no banheiro para uma limpeza rápida, especialmente das mãos que lhe queimavam pelo nojo sentido. Mas ele era irrepreensível e sabia que essa sensação logo se transformaria em novo desejo.

 

Saiu à rua aliviado e rindo consigo mesmo. Imaginava que já havia feito de tudo na vida em termos de sexo e aprendeu que muito poderia ser conhecido nessa disciplina das mais prazerosas. Continuaria no seu caminho de aprendiz e bom mestre! Quem sabe amanhã, os encontros fossem mais limpos e elevados.


Colaboração: Eunice Tomé
Jornalista, Mestre em Comunicação e Escritora
autora do livro "Pequenos Contos de Viagem"

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