Leituras > Contos, Poesias e Pensamentos > Contos
Quando os egípcios descobriram o perfume, deveriam ter feito a conexão direta com a sedução, com o poder de atrair as pessoas pelo cheiro.
Eros tinha essa visão e seu olfato tinha a sensibilidade de armazenar os aromas por várias épocas e situações. Até mesmo os cheiros típicos da pele ao natural representavam algo marcante na cadeia sensitiva. Desde pequeno, foi levado a fazer seleções, não pelo paladar ou pelo olhar, mas pelo olfato. Comidas, roupas, livros, pertences, tudo passava primeiro pelo seu nariz.
Na adolescência foi apurando esse órgão do sentido e passou a descobrir as fragrâncias, misturas de químicas, normalmente vindas da natureza. Leu sobre os perfumes, estudou sobre sua composição e passou a prestar mais atenção nas pessoas que passavam por ele nas ruas, que entravam no mesmo elevador, num ônibus ou que se aproximavam por algum motivo.
Até já identificava alguns pelo nome, quando conheceu uma jovem que chamou sua atenção pelo aroma que exalava, para não fugir do hábito. Era o melhor que tinha sentido até então. A moça era Psique, que além de deixar uma boa impressão no ar, ainda tinha contornos bem delineados e fortes.
Ela morava na rua ao lado da sua e o primeiro encontro aconteceu na barraca de frutas da esquina. Outros odores saíam do que ali estava exposto, cítricos principalmente, mas nada que pudesse encobrir o doce enlevo do perfume de Psique. Paixão à primeira vista ou ao primeiro cheiro? Tinha ele certeza que essa segunda hipótese era a mais correta.
Tratou de fazer acontecer outros encontros e o mesmo rastro de bons fluídos eram deixados no ar. Ele voltava impregnado para casa e sonhava em sentir mais de perto todo seu aroma. Eros e Psique passaram a manter encontros mais frequentes e quando ele conseguiu lamber aquele perfume e beber seu odor teve seu primeiro clímax sexual.
Percebeu que não era só o perfume de uma indústria química que ela passava sobre o corpo que o atraía, mas aquele cheiro de mulher que os especialistas chamam de odor feminae. A partir daí, nunca mais deixou de beber nessa fonte de prazeres.
Colaboração: Eunice Tomé
Jornalista, Mestre em Comunicação e Escritora
autora do livro "Pequenos Contos de Viagem"
Portal SexSaúde© • 55 (13) 3284-9610 • eliana@sexsaude.com.br