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Nos tempos de maturidade avançada, os comportamentos sociais viraram de cabeça para baixo. As mudanças começaram de uns trinta a quarenta anos para trás, não mais do que isso.
O florescimento das pessoas de idades superiores a cinquenta não corresponde em nada do que era no passado. Para o bem de todos, pois a felicidade está estampada na fisionomia de cada um desses que souberam tomar à frente de suas vidas e mostrar esse vigor.
Nem os netos seguram as vovós e vovôs em casa. As pistas de dança substituíram as cadeiras de balanço. As academias de ginástica, as agulhas de tricô e crochê. A viuvez e as separações conjugais deixaram de ser motivos para penitências e sofrimentos e nem a pouca aposentadoria ou pensão do INSS é um impedimento para a prática do lazer.
Outro dia, em uma reunião de casais com gordas faixas etárias, dava para perceber o que é essa maturidade alcançada. Cada um tinha a liberdade de fazer avaliações sobre o outro, não no sentido de crítica, mas como fator de aperfeiçoamento da relação. O que mais chamou a atenção é que 90% estavam na segunda ou terceira experiência amorosa e desses nem todos tinham optado por "juntarem os trapos".
Ficou muito forte a noção de que a beleza física não era fundamental e que as carecas, as barrigas avantajadas, as rugas do rosto, as marcas de alguma doença, nada mais eram do que experiências que levavam à melhor relação. Tirando a casca, o corpo, ficava evidente a beleza interior e o despojamento.
Olhando por esse prisma, o corpo, mesmo "feio" e "envelhecido", ganha ares de paixão e desejo. E, para melhor atrair o seu par, mesmo tendo consciência dos males do tempo, a vaidade toma uma posição de auto-estima. Os trajes nem tão "cocotas" assim, mas procurando chegar próximo do que usam os filhos.
Na referida reunião, as falas espontâneas às vezes eram seguidas de verdadeiras declarações de amor, dignas de deixar qualquer casal mais jovem com inveja da segurança e equilíbrio obtidos.
A conclusão que se tirou é que nessa fase da vida há que se estar aberto para viver com a máxima intensidade e recuperar tempos perdidos, sem preocupações como a criação de filhos, a busca incessante de um melhor emprego, sem os ciúmes que atrapalham o relacionamento, sem a cobrança de ter que pedir a moça em casamento, e mais: mesmo que falhe a ereção no momento do vamos ver, tudo é perdoado pela compreensão de ambas as partes. Senão, muitos são os estimulantes à venda no mercado.
O que vale é se soltar e ser feliz enquanto se está vivo.
Colaboração: Eunice Tomé
Jornalista, Mestre em Comunicação e Escritora
autora do livro "Pequenos Contos de Viagem"
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