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Imaginem um indivíduo solitário, totalmente isolado de seu ambiente, privado de sensações tácteis, térmicas e de todos os seus órgãos dos sentidos (visão, audição, olfato, etc.), tendo apenas a mente funcionando. Ele é capaz de apresentar desejo sexual utilizando apenas a fantasia. É ela um pensamento elaborado, baseado em fatos concretos ou imaginários de enorme poder no desencadeamento da apetência sexual - um enriquecedor da sexualidade. É o que dá aquele toque diferenciado entre uma relação altamente agradável e uma cópula mecânica e insípida e, por isso, deve ser estimulada e liberada dos tabus e das normas morais cerceantes de nossa sociedade.
Quantos relacionamentos tornar-se-iam duradouros, estáveis e bem mais prazerosos se os parceiros soubessem estimular, cultivar e aperfeiçoar as fantasias? Estas podem estar relacionadas com locais, situações, tipos de parceiro, de relacionamento sexual, técnicas estimuladoras, enfim tudo o que passar pelo pensamento. É possível a fantasia estar vinculada a conhecimentos e experiências pessoais ou à criação desvinculada das lembranças.
Muitos indivíduos bloqueiam essas fantasias com medo de infringir as normas morais pessoais, que são advindas de seu grupo e incorporadas por ele. Essas normas podem atuar como fator frenador de fantasias sexuais. No grupo em que é normalmente condenável a infidelidade, os indivíduos inconscientemente procuram evitar fantasias que tenham esse tipo de conotação. As normas morais foram criadas para o bom relacionamento em uma sociedade ou para preencher as necessidades religiosas do grupo. São modeladoras do comportamento do indivíduo na sociedade e, portanto, sua abrangência diz respeito à repressão deste ou daquele ato.
A fantasia é algo de caráter puramente subjetivo. Sua concretização exteriorizada é de competência do possuidor da fantasia ou do par envolvido e não é condenável, desde que não infrinja as normas da sociedade onde vivem e, portanto, não agrida o outro.
A ética de algumas religiões, em que o pecado está relacionado até mesmo ao pensamento, exerce um poder inibidor do saudável mecanismo da livre imaginação e da fantasia na sexualidade. É a fantasia que elabora todo o mecanismo transformador do estímulo visual, olfatório, gustativo e táctil em apetência sexual. É um pensamento que dá uma conotação sexual a um determinado estímulo.
A visão puramente estética realiza a avaliação julgadora do belo e do feio. Adquire conotação do atraente, quando o fator fantasia faz a alteração do belo estético para o belo atraente sexualmente desejável. Isso é válido a qualquer estímulo de ordem física. Quando a atração ocorre em função de atributos não físicos, como a inteligência, comportamento, posicionamento moral, ético e econômico, é também a fantasia que elabora a conotação sexual agradável.
A racionalização das vantagens que podem advir desse relacionamento, como o prazer da companhia, a estabilidade econômica e psíquica desse envolvimento, é sexualmente estimulante.
É evidente que a apetência exige tempo para a elaboração da fantasia. Pessoas que estão completamente envolvidas no trabalho ou em outras atividades dificilmente apresentam apetência, exatamente pela falta de tempo de elaborar fantasias.
Os relacionamentos de longa duração acabam gerando situações ocasionadas pela habituação, na qual a repetição dos gestos estimulativos se perpetua. A inapetência surge como decorrência da falta de renovação das fantasias.
O sexo sem fantasias diminui e empobrece a sexualidade. O amor-paixão lentamente desaparece dando lugar ao cômodo, porém desgastante, companheirismo monótono. O renovar das fantasias, dos diálogos, das situações, dos interesses, são os melhores remédios para a manutenção do desejo sexual e do amor.
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