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Quando nos referimos às diferenças entre homens e mulheres, queremos ressaltar que os conceitos aqui referidos não possuem valores absolutos. Muitos homens possuem algumas características femininas e muitas mulheres podem não possuí-las em toda sua totalidade. Os machões "de carteirinha" que nos perdoem, mas ninguém é totalmente homem ou totalmente mulher. No artigo anterior, nos referimos às características do desenvolvimento neurológico dos homens e das mulheres na pré-história que foram fundamentais em sua luta pela sobrevivência. Outros fatores, entretanto, interagem na determinação dessas diferenças. Durante a vida intra-uterina, antes da décima segunda semana de vida, os embriões ainda não possuem gônadas diferenciadas. Só depois da diferenciação é que a mistura dos hormônios masculinos e femininos começa a adquirir características especiais, determinando o aparecimento das diferenças ligadas ao sexo. Portanto, no começo, tudo é igual; as diferenciações que aparecem não irão estabelecer superioridade deste ou daquele sexo sobre o outro por causa de suas características.
No período embrionário, parece que a maior quantidade de estrógeno das futuras meninas irá influir na melhor capacidade verbal, na melhor utilização das palavras e, portanto, naquilo que denominamos de habilidade verbal.
Será que é por isso que elas "falam até pelos cotovelos?"
Deixando a pilhéria de lado, comprovadamente a mulher tem maior fluência verbal, utilizando um número maior de palavras por elocução, e comete menos erros gramaticais. É melhor em línguas estrangeiras, pronúncia e gagueja menos. Até os 10 anos também é superior na prosa escrita (lembram-se dos bilhetinhos de amor?), memória verbal e ortografia. A dislexia, dificuldade na aprendizagem da leitura caracterizada por confusão e inversão de certas letras, é quatro vezes menor entre as meninas do que entre os meninos. Também há um número significativamente menor de meninas apresentando leitura deficiente do que os meninos.
Imaginem uma discussão entre um homem e uma mulher!
A propriedade com que as mulheres utilizam as palavras, a maestria com que distorcem o seu sentido e a facilidade de evocar fatos e frases com habilidade e elegância aniquilam os coitados e desamparados homens. A capacidade desenvolvida desde a pré-história de observar os pequenos gestos, sinais ou movimentos corporais de suas crias, para poder entendê-las, é usada sem compaixão sobre o desarmado ser masculino. Essa facilidade de linguagem também lhe fornece a rapidez de dicção que ultrapassa muito, em velocidade, o lógico e concreto raciocínio masculino. A resposta masculina necessita desses embasamentos racionais, nem sempre valorizados por suas antagonistas, o que torna o homem mais lento em suas respostas. Enquanto ele ainda está construindo frases e raciocínios concretos, reais e lógicos, elas, utilizando a capacidade de percepção dos pequenos sinais fornecidos inadvertidamente pelos homens, através dos seus grupos musculares faciais, e apoiadas na falta de necessidade de uma linha lógica de seus discursos, utilizam todo o peso da chamada intuição/percepção feminina para aniquilar o "adversário" que, na maioria das vezes, é o próprio parceiro.
A testosterona, durante aquele período embrionário, favoreceu o futuro menino com maior facilidade para a matemática, para as tarefas espaciais, visuais e quantitativas. Essas habilidades eram indispensáveis para a localização e contabilização do número de animais a serem caçados e do número de adversários a serem enfrentados ou, utilizando o raciocínio lógico, para evitar o confronto. Seus músculos bem desenvolvidos para utilização, naquela época, das armas e dos instrumentos pesados, e sua habilidade para atingir o alvo com objetos atirados, tornam seu uso inadequado na atual cultura e civilização. Imaginem os homens utilizando hoje as habilidades propiciadas pela testosterona ou por seu desenvolvimento cérebro/muscular, oriundo da pré-história, no confronto verbal referido.
O que iria acontecer?
A testosterona é conhecida como o hormônio da agressividade e da resposta muscular ágil, características necessárias para a proteção das fêmeas e da prole na pré-história e, levando em conta as devidas diferenças, também na atualidade. Sua resposta natural seria a utilização de seu potencial de força, velocidade e agressividade. Bem, a percepção feminina, depois de algumas derrotas no passado, ajudou a criar toda uma cultura que enaltecia a fragilidade feminina e sua necessidade de proteção. O período do romantismo foi a época que deu o embasamento teórico para a proteção do que ficou erroneamente conhecido como "sexo frágil". Pela própria perseverança e poder de persuasão, a mulher transportou para nossa época esse conceito.
Foi dessa habilidade de influir e se colocar como sexo frágil que teriam surgido as Delegacias das Mulheres, para impedir a agressão física por seus pares?
Bem, se a questão é defesa quanto às características de um ou outro sexo, quando surgirão as Delegacias dos Homens para protegê-los da força das agressões e persuasão verbais das mulheres?
Outra habilidade feminina, que veio da pré-história, é a capacidade de lidar com pequenos objetos e a delicadeza de seus gestos finos. Isso as torna hábeis bordadeiras, capacidade que poucos homens possuem. Por outro lado, a capacidade do homem de lidar com objetos pesados, pouco desenvolvida nas mulheres, é compensada pela enorme habilidade que elas têm na arte de seduzir. Na pré-história, a mulher conseguia a proteção da prole, bem como sua alimentação, exercendo seus atributos de sedução. "Tenho menos força muscular, mas sei seduzir e conquistar". Quem nunca viu a troca de um pneu furado facilmente conquistada com um sorriso ou com gestos de sedução sugerindo promessas prometidas e não cumpridas?
Um mapa na mão de uma mulher, na maioria das vezes, serve apenas de leque ou de proteção contra os raios solares. Os homens, de modo geral, sentem-se muito à vontade com seu conhecimento de espaço e direção. Eles, examinando um mapa, parece que já estão antevendo todas as características do caminho, tal é seu senso de localização no espaço. É por isso que, de modo geral, os homens evitam pedir indicação de direção à outra pessoa. As mulheres, cientes dessa sua dificuldade de localização, não sentem qualquer constrangimento ao pedirem, geralmente com o auxílio de um sorriso acompanhado de uma voz com tonalidade modulada e estudada, a indicação do caminho, obtida com riqueza de detalhes esclarecedores. Por outro lado, é grande a capacidade das mulheres, desde a pré-história, de localizar objetos fixos; essa habilidade era utilizada na procura e separação das sementes e dos frutos. Atualmente, parece que elas utilizam essa habilidade ancestral, no arranjo dos objetos dentro de suas casas criando, sob o enfoque masculino, uma espécie de jogo de esconder. Isso é motivo de desespero para seus parceiros quando resolvem localizar sozinhos um determinado objeto dentro de sua atual "caverna".
Ou seria a dificuldade natural do homem em localizar objetos fixos que os deixa tão desorientados?
Diferenças
A integração total é obtida pela aceitação das diferenças, pela compreensão de que a agregação do côncavo com o convexo cria a unidade e, principalmente, pelo fato de que não existe a luz sem a sombra e o belo sem o feio.
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