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Nos primórdios da evolução do gênero Homo, antes do aparecimento dos primeiros "Homo sapiens", surgiu o que a antropologia moderna denominou de "Homo erectus". Esses hominídeos ainda não tinham alcançado o estágio de caçadores. Eram apenas coletores de alimentos. Já tinham adquirido a capacidade de fabricar e utilizar alguns instrumentos rudimentares e, principalmente, dominar o fogo. O fato de poder andar em posição ereta, a maior parte do tempo, permitia uma visão a longa distância de enorme valor no descobrimento dos alimentos e identificação do perigo. A alimentação, baseada em frutos, tubérculos, raízes, sementes e resto de caça dos grandes predadores, era disputada entre os elementos do grupo. Colhiam nos campos e nas savanas, de preferência próximas às florestas, lugar onde procuravam refúgio nos momentos de perigo. Não possuíam residência fixa. Cada um procurava a árvore, o tronco ou o galho mais seguro para descanso e abrigo. O único ponto em comum desses agrupamentos era a adoção de algumas atitudes cooperativas para a obtenção de alimentos. Às vezes, se reuniam para roubar os despojos ou resto de caça de algum animal menos perigoso ou somavam forças para extrair um tubérculo ou colher frutos de uma árvore mais alta. Agrupavam-se, também, para a própria segurança, vigiando o possível aparecimento de um inimigo predador. Parece que nessa ocasião não havia um núcleo familiar estabelecido e a proteção da prole era feita pela mãe e, eventualmente, por um macho, não obrigatoriamente o pai. Essa proteção masculina era conquistada transitoriamente pelos favores das fêmeas, favores esses geralmente relacionados com a satisfação das necessidades sexuais do macho.
Com a chegada da Era Glacial, esses hominídeos, já agora "Homo sapiens", foram obrigados a procurar abrigos mais eficientes contra o frio e predadores e, por isso, passaram a viver em cavernas e a dominar o fogo. Surgiram, então, os primeiros núcleos de uma comunidade originada da necessidade das atividades de coleta de alimentos, de proteção do frio e dos animais agressores. Tendo em vista que as fontes de coleta desses alimentos se extinguiam rapidamente pela restrição dessas áreas às regiões próximas ao abrigo, surgiu a necessidade da transformação desses agrupamentos de coletores, em coletores/caçadores.
A obrigatoriedade dessa convivência em grupo deu início ao surgimento de uma série de responsabilidades masculinas e femininas que tornavam a sobrevivência mais viável.
A savana africana era hostil. Além dos períodos prolongados de secas, as longas e devastadoras chuvas faziam escassear os alimentos. Centenas de espécies de animais ferozes eram outra ameaça à sobrevivência daquele grupo. Essa espécie, recém diferenciada de seus antepassados primatas, era frágil. Não possuía garras ou dentes tão afiados como seus adversários animais, mas seu instinto indicava a necessidade da sobrevivência. Os homens, então, passaram a tomar para si a proteção das fêmeas e da prole. Para tal, foram obrigados a criar armas para defesa ou para obtenção de alimentos através das caçadas. Nessas caçadas precisavam conhecer e, posteriormente, reconhecer os terrenos e caminhos que lhe permitissem tanto voltar para uma nova caçada quanto retornar à sua caverna. Sua musculatura foi se desenvolvendo para manusear armas que, de modo geral, eram mais eficientes quanto mais pesadas. Esses homens foram obrigados a aprender a avaliar rapidamente o número de animais avistados, tanto para estudar a tática de caçada quanto para avaliar os riscos, em se tratando de animais ferozes. Desenvolveram a musculatura também para se tornarem mais rápidos, tanto para o ataque quanto para a fuga. O lançamento de objetos, instrumentos ou pedras foi outra habilidade desenvolvida; para tal, sua percepção espacial foi aperfeiçoada para aumentar a possibilidade de atingir o alvo. Outra característica desenvolvida, condição indispensável nessa sua nova atribuição de defesa e ataque, foi sua maior agressividade comparativamente à da fêmea.
As mulheres, por sua vez, embora ocasionalmente participassem das incursões de caça, ajudando no cerco ou utilizando sua já evoluída capacidade de observação de pequenos detalhes ou sinais, se dedicavam mais à proteção e alimentação da prole. Essa atribuição tinha igual valor na preservação dos descendentes e, portanto, do grupo. Nas caçadas ou nas coletas eram possivelmente as mulheres as responsáveis pela localização e identificação de vegetais ou sementes comestíveis - uma localização espacial diferente da dos homens. Se fôssemos fazer uma comparação, os homens estavam instrumentalizados para a localização dos objetos no espaço e em movimento e as mulheres para a localização dos objetos fixos. Simultaneamente, a delicadeza dos gestos das mulheres, através da maior facilidade na coordenação motora fina, foi sendo aperfeiçoada. Precisavam separar as sementes das folhas; os frutos, dos pequenos ramos e limpar com delicadeza o pelo de seus filhotes cheio de espinhos e parasitas. Como responsáveis pelo cuidado com os filhos, passaram a observar os pequenos sinais esboçados por suas crias e entendê-los. Observar para descobrir as necessidades. A capacidade de interpretar o significado de um pequeno elevar dos ombros, de um aperto dos lábios, de um leve movimento da cabeça, do entrecruzar os braços, do tom da voz ou do choro foi sendo desenvolvida. A correlação de todas essas sensações observadas, visuais, auditivas, tácteis e gustativas foi chamada por Darwin de "percepção imediata das mulheres".
Seria o que chamamos hoje de "intuição feminina"?
Parceira
A soma das características leva à preservação do todo.
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