Leituras > Fatos, Casos e Opiniões
É uma disfunção sexual que se expressa como um reflexo de defesa da musculatura do assoalho pélvico, onde ocorre um espasmo dos músculos perivaginais, impedindo total ou parcialmente a penetração vaginal. Esse impedimento dificulta e, conforme o caso, até inviabiliza a relação sexual e o exame ginecológico. O vaginismo ocorre dentro de um continuum, indo das formas mais brandas às mais severas. Nas formas mais brandas, existe a possibilidade de penetração, embora incompleta. Nas mais severas, além do espasmo da musculatura perivaginal, ocorre a contração dos músculos adutores da coxa, a ponto dos joelhos da mulher ficarem como que aderidos um ao outro. As pacientes vagínicas quase sempre são perfeitamente responsivas do aspecto sexual, ou seja, têm desejo, excitação e orgasmo. Podem ter uma vida sexual gratificante, desde que não haja penetração vaginal. No vaginismo, o componente psicológico é que determina sua manifestação - o medo é sua causa imediata. Em função dele, é que ocorre a reação de contratura muscular. As causas psicossociológicas, como a educação punitiva ou restritiva, experiências sexuais traumáticas, como por exemplo, tentativa de estupro, visualização de cenas de sadismo, informações distorcidas sobre a vida sexual são fundamentais na gênese do vaginismo. Segundo H. Michel-Wolfromm, as mulheres vagínicas se dividiriam em três tipos de personalidade: o da mulher autoritária, o da excessivamente frágil e delicada e o da que vive um conflito de papéis.
A mulher vagínica do tipo autoritário e seu parceiro têm um relacionamento baseado na disputa pelo poder conjugal; ela não se submete a ele e não se deixa conquistar pelo amor. Como geralmente escolhe companheiros fracos, resignados e gentis, ela os manipula com facilidade. Com frequência, esses parceiros têm disfunções eréteis primárias; porém, em alguns casos, é o comportamento autoritário e agressivo da mulher que "castra psicologicamente" esses homens.
As vagínicas frágeis encobrem com sua delicadeza uma educação sexual castradora, aliada a uma vida de mimos e chantagens emocionais. Nessas mulheres, a sexualidade está "adormecida", sendo comuns as fantasias a respeito do tamanho pequeno dos seus genitais e da destruição deles numa relação sexual. Encaram o ato sexual como algo animalesco, no qual o parceiro iria rasgá-la com seu pênis.
As mulheres vagínicas do terceiro tipo apresentam o conflito de papéis do "ser mulher e ser mãe". Se interessam por um relacionamento sexual apenas com a finalidade procriativa. A gravidez é o que importa. O homem é visto apenas como reprodutor.
Assim como há certos padrões de personalidade nas mulheres vagínicas, seus companheiros também têm características peculiares. São homens tímidos, tranquilos, julgados pelas próprias parceiras como compreensivos e delicados, o que, muita vezes, serve de camuflagem para os quadros de disfunção erétil e ejaculação precoce.
Sendo o vaginismo uma disfunção sexual de caráter psicossomático, sua abordagem deve enfocar o aspecto médico e o psicológico, e o atendimento deve envolver o par como unidade terapêutica.
Portal SexSaúde© • 55 (13) 3284-9610 • eliana@sexsaude.com.br