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Leituras > Contos, Poesias e Pensamentos > Poesias

 

Amor Bandido

 

Vai louca, tarada,
deixa-me tonto e de quatro.
Na sina desse meu ato,
quase fico em desacato.

 

Fala e grita, amaldiçoa,
xinga todos à frente,
revira os olhos. Demente,
segue contra a corrente.

 

Os cabelos desgrenhados,
seios a descoberto.
Meus olhos fitam de perto
e, de repente, desperto.

 

Toda a forma é puro caos
a pedir providência.
Não posso mais viver isso.
O que me falta é decência.

 

Sei que o caso é perdido.
Esse amor arrebatado.
Somente um tresloucado,
estaria enamorado.

 

Quero sair de mim,
viver em outro planeta.
Estou na fase poente
e assumo que sou doente.

 

Doente por não ter forças
de fugir dessa bandida,
que me ganhou a partida
abrindo a minha ferida.

 

Sem cura, desnorteado,
bebo desse veneno
que do teu ventre de prazer
escorre para eu morrer.


Colaboração: Eunice Tomé
Jornalista, Mestre em Comunicação e Escritora
autora do livro "Pequenos Contos de Viagem"

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