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A Meu corpo era só curvas.
Inquietas, movimentadas.
As roupas, qual fôrmas em desalinho,
eram levadas pelas ondas prateadas.
O sal evaporava
e juntava-se à lua que espreitava.
O sol nascia
e mergulhava seu brilho no oceano.
Nesse plano poético,
faltava o complemento -
o ancoradouro, o pouso,
tudo conforme o lirismo.
E senti sem perceber que
ele estava dentro de mim,
desde que nascera.
Que o recebia sempre.
Era a minha razão de ser,
sempre presente.
Ele era meu porto,
meu navio, minha balsa,
meu barco, meu transatlântico.
Tão grande, mas suficiente
para me penetrar - inteiro, gritante.
Eu era a cidade.
Ele, o porto.
Simbiose e paixão.
Harmonia e tesão.
Colaboração: Eunice Tomé
Jornalista, Mestre em Comunicação e Escritora
autora do livro "Pequenos Contos de Viagem"
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