Orientação > Anatomia
Anatomicamente é uma dobra de mucosa localizada no intróito vaginal. Recebeu até mesmo um nome anatômico: hímen. Do ponto de vista fisiológico, não tem finalidade conhecida. É apenas uma dobra de mucosa, nada mais. Entretanto, em diversos povos e culturas, adquiriu um simbolismo místico e moral. A sua existência, ou não, é que determina o ser e o não ser virgem. Quem conhece anatomia fica surpreso com a importância dada a esse segmento do genital feminino. O anatomista e o ginecologista classificam-no de acordo com seu orifício central. Chamam-no de estelar , criviforme, semilunar, anular, complacente, etc. Todas essas variedades não têm importância alguma do ponto de vista da Medicina, salvo em duas situações. Quando não possui o orifício central, portanto imperfurado, determina retenção da menstruação na adolescente, o que obriga à uma intervenção cirúrgica, e quando esse orifício é muito amplo torna impossível ao médico legista afirmar se sua possuidora é ou não virgem. É o chamado hímen complacente, a dor de cabeça do Judiciário. Sua denominação, contudo, deveria ser modificada para "hímen inteligente" porque, mantendo-se íntegro depois de uma relação sexual, ironiza todo o simbolismo relacionado com sua integridade. Do ponto de vista do dicionarista Aurélio, a possuidora deste hímen íntegro adquire o status de "virgem" cuja definição, habilmente não comprometedora, é "a que nunca teve relações sexuais através da vagina, com homem". Qualquer outro tipo de relação sexual, seja ou não com homem, não exclui o "estado de pureza, inocência, castidade"!!!
Ainda relacionado com o formato e tamanho do orifício do hímen, é comum a adolescente virgem procurar informações sobre a possibilidade de usar como absorvente o tampão intravaginal. Seu uso é possível na grande maioria das vezes; entretanto, é de boa norma que um ginecologista inspecione primeiro o tipo de hímen, para afastar a possibilidade de um orifício pequeno do hímen, que impeça sua utilização.
Existem muitos tabus e lendas referentes ao hímen, principalmente relacionados com sua ruptura. Acredita-se que ela é extremamente dolorosa no primeiro intercurso sexual, o que é uma inverdade. Havendo um prolongado período de estímulos sexuais prévios que levem a mulher a alto grau de excitabilidade e, portanto, de lubrificação vaginal, sua ruptura é praticamente indolor. Relembrando as fases da resposta sexual humana, nesta fase há um afastamento dos grandes lábios, tornando a vagina receptiva à penetração. O que muitas vezes acontece é que, por medo ou insegurança, a mulher contrai involuntariamente os músculos perineais, fechando praticamente o intróito vaginal, dificultando a penetração e tornando, desse modo, dolorosa a penetração, e não a ruptura himenal.
Já foi a época em que os antigos italianos expunham na janela os lençóis manchados de sangue, após a primeira noite de núpcias, como prova da virgindade da jovem esposa. Hoje sabemos que, em muitos casos, a ruptura himenal não determina sangramento, ou quando tal ocorre, é de pequena quantidade, passando mesmo despercebido. O sangramento, na grande maioria das vezes, estanca-se espontaneamente e, quando de maior volume, é estancado com uma simples compressão local.
Hoje, o conceito de virgindade/pureza é muito mais abrangente, envolvendo aspectos éticos, morais e sociais, que nada têm a ver com a existência ou não de um hímen íntegro.
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