Orientação > Disfunções Sexuais
É muito difícil estabelecer quais são as causas orgânicas puras, principalmente para quem tem noção de Medicina Psicossomática, onde se observa a interação entre o orgânico e o psíquico e entre o psíquico e o orgânico. Podemos dizer que as disfunções eréteis orgânicas têm etiologias urológicas, endocrinológicas, vasculares e neurológicas. Nas de causas urológicas, podemos listar praticamente as relacionadas com as dispareunias masculinas: fimose, hipospádia, epispádia, traumatismos, infecções gênito-urinárias de modo geral e curvatura peniana adquirida na Doença de Peyronie. As causas endocrinológicas geralmente determinam distúrbios eretivos por diminuição dos níveis da testosterona. Ao contrário do que se pensa, só 6% das disfunções eréteis são de causa hormonal. O hábito muito difundido do uso de injeções de testosterona para a melhora erétil obtém algum resultado em apenas 6% dessas disfunções. Dos fatores endócrinos, a causa principal de disfunção erétil é o diabete. Nos pacientes diabéticos, 40 a 60% apresentam algum distúrbio da ereção. O interessante é que não existe nenhuma relação do distúrbio com a gravidade do diabete. Sabe-se que as micro lesões neurológicas ou vasculares, em decorrência dessa doença, são responsáveis pelas alterações funcionais da ereção, que é um fenômeno vasocongestivo. Lesões vasculares determinadas por fatores diversos, como as vasculites, as lesões vasculares do diabete, a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia, o déficit do HDL, as lesões vasculares determinadas pelo tabagismo, as doenças vasculares periféricas, determinando diminuição do afluxo sanguíneo ao pênis, causam disfunção erétil.
Como o maior ou menor afluxo sanguíneo peniano e a contenção desse sangue no corpo cavernoso dependem de estímulos ou de inibições nervosas, evidente que quase todas as doenças, traumas ou atuação bioquímica sobre o sistema nervoso central e periférico podem determinar disfunções eréteis.
Toda doença que provoque desconforto ou quebra da homeostasia da mulher afeta uma ou todas as fases da resposta sexual. As Anomalias Genéticas e Congênitas, principalmente as que impedem as relações sexuais ou são causa de dispareunia, determinam disfunções femininas. Qualquer Endocrinopatia, dependendo da gravidade, pode ter ação direta sobre a sexualidade, quer por diminuição das taxas de testosterona, quer por lesões neurológicas ou vasculares. Na Síndrome de Turner feminina, onde também ocorre endocrinopatia, a resposta sexual não é tão comprometida porque a origem da testosterona na mulher é mais supra-renal do que ovariana. Outras síndromes que diminuem a testosterona de qualquer origem determinam disfunção do desejo. Tumores de hipófise, principalmente adenomas produtores de prolactina, têm ação nefasta sobre a sexualidade pela diminuição do desejo. A acromegalia, os distúrbios da tireóide, da córtex da supra- renal, prejudicam a sexualidade feminina. O diabete, embora não bem estudado quanto ao aspecto sexual feminino, parece não ter a importância que adquire sobre a sexualidade masculina. Nota-se maior incidência de anorgasmia nas diabéticas do que nas não diabéticas; a lubrificação vaginal se mantém e as dispareunias que aparecem devem-se mais às infecções vaginais que ocorrem facilitadas pela doença. As Doenças Cardiovasculares quase não afetam a sexualidade feminina, a não ser por apresentar manifestações de desconforto como as dispnéias, cefaléias ou outros sintomas incomodativos. Talvez as drogas utilizadas no tratamento causem maior prejuízo sobre a sexualidade do que a própria doença. As Doenças do Aparelho Genital que mais comprometem as mulheres são as infeciosas, afetando todo o trato genital, seja externo ou interno. As vulvites, vaginites, parametrites, salpingites, etc., pela dor ou prurido que determinam, são causa de disfunções. Os déficits dos hormônios sexuais, por causarem alterações tróficas vaginais e, até mesmo, pelas mudanças do humor que determinam, causam disfunções sexuais. A endometriose leva à dispareunia que, secundariamente, pode determinar inibição de todas as fases da resposta sexual feminina. Sequelas Traumáticas de origem Obstétrica ou Ginecológica podem causar disfunções quando são determinantes de dor às relações. As rupturas perineais determinadas por partos traumáticos ou fórcipes, a não ser pelos aspectos psicológicos, não determinam disfunções. Doenças do Sistema Nervoso afetam de modo variado a sexualidade, seja por suas manifestações, seja pelos efeitos colaterais determinados por drogas utilizadas para seu controle. A epilepsia temporal tem sido responsabilizada por uma hipossexualidade em suas portadoras. Os acidentes vasculares cerebrais (A.V.C.), de modo geral, não afetam a sexualidade. Causas psicológicas relacionadas com as lesões determinadas pelo acidente vascular ou a incompreensão do parceiro podem afetar a sexualidade. São raras as situações em que uma área do Sistema Nervoso Central (SNC) relacionada com os centros sexuais superiores é atingida. O parkinsonismo, pela queda da dopamina, é responsável por uma diminuição do interesse erótico. Os traumas medulares podem determinar diminuição do desejo pela anestesia ou paralisia que determinam, mas não impedem o orgasmo por ser este de responsabilidade do nível central (cérebro). As drogas, lícitas ou ilícitas, determinam alterações sobre a sexualidade. As que atuam no SNC, deprimindo-o, prejudicam a apetência. Quanto ao álcool, se utilizado em pequenas doses, melhora o desempenho sexual pela desinibição que provoca. Os estimulantes do tipo anfetamina e cocaína não têm um papel bem definido. Os alucinógenos, em especial a maconha, têm efeito contraditório sobre a sexualidade. O seu uso prolongado, pela diminuição das taxas de testosterona, pode determinar diminuição do desejo.
As causas psicológicas mais comuns da disfunção erétil são o medo do fracasso e ansiedade quanto ao desempenho. Essa disfunção ocorre porque o homem desvia sua atenção do estímulo sexual e passa a preocupar-se em não falhar. A distração, juntamente com a ansiedade, provocam a disfunção erétil. A partir daí, cria-se um círculo vicioso, no qual a ansiedade somada à distração levam à repetição do fato. O fracasso subsequente causa mais medo e mais controle sobre o desempenho. Esse controle faz com que o homem seja um espectador de si mesmo no ato sexual. O estímulo sexual ineficaz é outro fator que leva à disfunção erétil chamada situacional. Nesta, o indivíduo pode se apresentar disfuncional com uma parceira e não com outra, numa situação e não em outra. A atenção insuficiente ao estímulo sexual pode também causar a disfunção erétil. Idéias ou pensamentos não pertinentes àquele momento sexual, como acontecimentos externos, preocupações profissionais e financeiras, etc., podem inibir a ereção. O desconhecimento de que no período refratário, intervalo de tempo entre uma ejaculação e nova excitação sexual, não ocorre a ereção, bem como das modificações da resposta sexual em função da idade (desconhecimento da fisiologia da sexualidade), também podem ser causa de disfunção erétil.
A incidência das disfunções sexuais tem aumentado muito nas últimas décadas. Dentre as várias causas psicológicas, a mais comum é a habituação sexual. Atualmente somos expostos à uma "overdose" de lançamentos de produtos que exploram o corpo do homem e da mulher. A exposição maciça dos corpos nus, pelos meios de comunicação, restringe sensivelmente a possibilidade da fantasia sexual - elemento fundamental no surgimento do desejo. A falta de informação ou informação distorcida pelos tabus, crendices e falsas verdades científicas contribuem para o aparecimento de bloqueios ao pleno exercício da sexualidade. A aprendizagem familiar, na qual a educação sexual é fundamentalmente repressora, principalmente se baseada em crenças religiosas e condutas inibidoras da sexualidade, pode se constituir em fator causal das disfunções sexuais. É importante mencionar também que o policiamento, as proibições às quais as próprias pessoas se impõem, restringem a intimidade do casal impossibilitando o enriquecimento do relacionamento e causando bloqueio à expressão espontânea da sexualidade. As vivências sexuais destrutivas, envolvendo violência, experiências obstétricas traumáticas, medo de gravidez, são fatores decisivos na instalação das disfunções sexuais femininas. As relações diádicas inadequadas entre os casais são determinantes no aparecimento das disfunções sexuais, principalmente a do desejo. A rotina do relacionamento, o emprego de técnicas sexuais inadequadas ou defeituosas, a diminuição da comunicação, omitindo as fantasias e preferências sexuais, acabam minando o relacionamento e favorecendo o aparecimento das disfunções. Outro fator decisivo na gênese do processo disfuncional é a agressividade. Não é possível um casal se relacionar sexualmente de modo adequado se o emocional reinante entre eles, fora do momento sexual, é de animosidade, ressentimento e hostilidade.
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